Scientific American
As 10 Principais Tecnologias Emergentes de 2019
11 de julho de 2020 às 11h03 Por Dirceu Mattos Jr.
Após a pandemia do Covid-19, muito provável que a edição da Scientific American de dezembro de 2020 fará referência a modelos de surtos de doenças previstos por inteligência artificial, testes rápidos de detecção de pacientes infectados por vírus, serviços de rotina de imunização e outros tópicos relacionados, como as 10 principais tecnologias emergentes neste ano.
Embora dada a importância desse problema global, gostaria de destacar a edição dessa revista de dezembro de 2019. E por que isso? Falando sobre crianças com amigos outro dia, chegamos a uma pergunta simples a nós colocada por elas: “... qual é a invenção mais importante na humanidade?”. Meu filho, de 12 anos, respondeu ao grupo: “...óculos!”, dado que ele é míope. Outros comentários vieram em sequência nesse grupo de amigos…, sobre uma invenção que está ainda por vir: “teletransporte e a possibilidade de visitarmos um ao outro em uma fração de segundos, sem tomar um longo vôo”.
Dias após esse encontro, li a Scientific American e percebi a coincidência entre aquela conversa e a seção de introdução do artigo. Em seguida, prestei atenção ao texto e fiquei muito surpreso com a lista de tecnologias.
A Scientific American, em colaboração com o Fórum Econômico Mundial, promoveu uma discussão entre os principais especialistas em tecnologia para identificar as "10 principais tecnologias emergentes" em 2019.
Essa discussão foi orientada por algumas perguntas que esses especialistas deveriam prestar atenção, entre elas: “As tecnologias sugeridas têm o potencial de fornecer grandes benefícios a sociedades e economias?”.
No meu entendimento, concordei plenamente com bioplásticos, nano lentes e dispositivos ópticos, proteínas como alvos de medicamentos para câncer e mal de Alzheimer... e não o último da lista, fertilizantes inteligentes!
E aqui meu campo de pesquisa!
Os fertilizantes inteligentes têm sido procurados para fornecer nutrientes de forma mais eficiente às plantas e aumentar o rendimento das culturas. Duas bases sustentam esse objetivo: (1) temos que alimentar a crescente população mundial com (2) proteção ambiental, o que se estendeu ao conceito de sustentabilidade global.
As previsões de uma crise global de alimentos com base no fato que a produção mundial de alimentos não seria capaz de acompanhar o crescimento da população, têm uma longa história no século 18, apresentada pelo clérigo Thomas Robert Malthus. Ao contrário daquilo propagado, hoje, podemos apoiar uma população global de cerca de 7,4 bilhões (e em crescimento). Obviamente a distribuição desse alimento é um componente importante nessa discussão.
Assim, a partir de séries de inovações científicas e tecnológicas temos verificado rápido crescimento na produtividade das culturas, particularmente a partir da segunda metade do século 20. Dessas, nenhuma teve impacto mais marcante do que a capacidade de sintetizar e produzir fertilizantes minerais. Com esses recursos disponíveis, solos antes pouco férteis aumentaram a capacidade de produção das culturas.
De fato, estima-se que os fertilizantes tenham permitido a vida de vários bilhões de pessoas, que de outra forma teriam morrido prematuramente ou nunca teriam nascido.
Ademais, o conceito dos 4C’s de manejo de nutrientes suporta estratégias para o aumento da produção, aumento da rentabilidade dos agricultores, proteção ambiental e sustentabilidade, cujos objetivos incorporam o emprego de (I) fonte de fertilizante certa, (II) na
dose certa, no, (III) na hora certa e no (IV) e no lugar certo. Neste contexto, se encaixam os fertilizantes inteligentes ou de eficiência aumentada.
E qual é o resultado final de toda essa história?
Verificamos a importância da tecnologia emergente e continuamos entusiasmados com o trabalho de pesquisa e o impacto que ela tem sobre questões orientadas na agricultura moderna.
Dirceu Mattos Jr.
Pesquisador Científico
Diretor-substituto do Centro de Citricultura Sylvio Moreira (IAC)